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Vaticano afirma que as Igrejas protestantes não são verdadeiras
Publicado em 1/13/2002
05/09/2000
O Vaticano publicou hoje um documento que nega a condição de Igrejas às religiões protestantes. O documento foi publicado apenas dois dias depois da controvertida beatificação do Papa Pio 9, que provocou várias críticas, entre elas as dos judeus, que o consideram um antisemita.
"Existe uma única igreja de Cristo, que se perpetua na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro (o papa) e os bispos, em comunhão com ele. As comunidades eclesiásticas que não conservaram o episcopado válido (ou seja, bispos ordenados por outros católicos) nem a substância íntegra do mistério eucarístico (a comunhão) não são Igrejas propriamente ditas", afirma a Declaração Dominus Jesus.
A declaração, firmada pela Congregação Vaticana pela Doutrina da Fé e aprovada por João Paulo 2º em 16 de junho, afirma sobre as igrejas ortodoxas: "as igrejas que, sem a comunhão perfeita com a Igreja Católica, permanecem unidas a ela por estreitos vínculos, como a sucessão apostólica e a eucaristia válida, são verdadeiras igrejas particulares".
A Declaração, apresentada pelo cardeal Joseph Ratzinger, chefe da congregação que substituiu o Santo Ofício em 1965, condena como "claramente contrário à fé católica" considerar a Igreja de Cristo "como um caminho de salvação entre outros".
"Apesar de admitir que as diferentes tradições religiosas contêm e propõem elementos de religiosidade procedentes de Deus, elas não têm a eficácia salvadora dos sacramentos cristãos", segundo o documento, que garante que "de outros ritos nascem superstições ou erros que acabam se tornando mais um obstáculo para a salvação".
"A igualdada, condição do diálogo, significa igual dignidade pessoal das partes, mas não igualdade das doutrinas, e ainda menos igualdade entre Jesus Cristo, Deus feito homem, e os fundadores de outras religiões", diz o documento.
O Vaticano justifica sua posição, explicando que "a perenidade do anúncio missionário da Igreja está em perigo hoje por causa das teorias relativistas, que querem justificar o pluralismo religioso".
A Declaração Dominus Jesus é "infalível", conforme disse em coletiva de apresentação do documento o arcebispo Tarcisio Bertone, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, recomendando que os fiéis obedeçam seus ensinamentos de maneira "definitiva e irrevogável".
As reações a este documento foram imediatas. O arcebispo de Caterbury, monsenhor George Carey, primado da igreja anglicana, criticou a declaração do Vaticano, dizendo que ela ignora "a compreensão mais profunda que se desenvolveu nos últimos 30 anos mediante o diálogo e a cooperação ecumênica".
"A igreja anglicana não aceita nem por um instante que seu ministério e sua eucaristia sejam insuficientes e se considera parte de uma mesma santa, católica e apostólica Igreja de Cristo".
O presidente da Federação Protestante da França, (FPF), o pastor Jean-Arnold de Clermont, manifestou a "triste surpresa" dos protestantes com o documento católico.
"A afirmação não é nova, mas por que sua repetição hoje, depois de 40 anos de compromisso ecumênico?", questionou, em comunicado publicado hoje.
"A nova declaração do Vaticano contrasta singularmente com os conselhos sobre humildade e abertura que ouvimos da Igreja católica durante o ano do Jubileu e representa um duro golpe ao trabalho ecumênico, ao confirmar as desconfianças de quem acredita que Roma não abandonou a pretensão de simplesmente absorver as outras Igrejas", dizia o comunicado.
Em Genebra (Suíça), o Conselho Ecumênico das Igrejas lamentou hoje o documento católico e lembrou ao Vaticano a necessidade de um "testemunho cristão comum" para o começo do terceiro milênio.Fonte:www.jesussite.com
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