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Gritei aos quatro ventos: "sou homossexual". Quem disse que seria fácil? Posted: 03 Jan 2010 12:57 AM PST Por Ci Gravito Sempre tive uma idéia errada e de certa forma, deturpada, do que seria viver em Deus. Quando comecei a frequentar a igreja, achava que a vida seria linda, azul e que tudo viria à mim em uma bandeja de ouro. O começo da minha vida de “idas à igreja” foi assim: eu tinha muitos ao meu redor, todos dedicavam tempo, atenção, palavras, carinho, paciência (e que paciência). Eu focava/vivia nisso, aumentava histórias, contava mentiras, só para garantir aquela atenção enorme, para mantê-las por perto. Minha vida (de) pendia disso, da atenção recebida. Então, pela primeira vez senti que a vida não é fácil, que certas coisas acontecem, nosso castelo de cartas cai. É só assim, no chão (ou sem ele), que aprendemos. As pessoas das quais eu (de) pendia foram embora. Em questão de um mês, vi a maioria delas irem. Fiquei sem chão. Voltei a buscar incansável por alguém para servir-me de suporte. Encontrei novamente. (De) pendi novamente. E pela segunda vez, senti que a vida não é fácil. Sem explicação ou justificativa, algo que eu escondia há anos veio à tona: a atração por pessoas do mesmo sexo. Pareceu aumentar, bater mais forte no peito e doer mais. Eu queria pedir ajuda, mas tinha vergonha. Encontrei uma pessoa e, sabe-se lá por que, ela me ouviu e passou a me ajudar incomparavelmente. Adivinha?! Passei a viver em função dela. Depois de seis meses, em uma infeliz análise, cheguei a uma das piores conclusões da minha vida: eu estava apaixonada. Apaixonada pela pessoa que se dispôs a ajudar, a dar a mão e a falar de Deus para mim. Mais uma vez, vi que a vida não é fácil. Afastei-me por umas semanas, mas a (de) pendencia não permitiu a distância. Contei. Confessei a paixão e a partir daí, as coisas só pioraram. Os meses seguintes foram o princípio de uma vida que eu não imaginei viver. Haviam pessoas por perto, mas eu não poderia contar a paixão por alguém casado e do mesmo sexo. Eu não poderia contar que olhava para casais homossexuais e ficava com inveja, por sentir que nunca seria feliz como eles. As coisas só aumentavam e me assustavam mais, tomaram proporções inimagináveis. Alguns meses depois da confissão, a vida afastou, também, a pessoa que estivera mais presente. E afastou aquelas que estavam “meio-presentes”. Fiquei só. A partir daí, sem alguém para ser meu chão, caí de para-quedas em uma realidade chocante, não vivida até então. Novamente, vi que a vida não é fácil. Passei a viver uma personagem e a alimentar todos os meus desejos. Entrei em comunidades e conheci pessoas. Conversei e expus tudo o que confinei no tempo que correu. Manifestei aquilo que achei ser “o fogo que me alimentava”. Gritei aos quatro ventos: “Sou homossexual! Nunca mais ficarei com um homem!” E, na época, me senti inacreditavelmente bem com isso. Senti-me livre, realmente vivendo o que sempre sonhei. Fiquei com várias mulheres. Três delas ficaram mais marcadas. Ao lado de uma delas, cri viver os melhores dias da minha vida até então. Mas, como outrora, vi que a vida não é fácil. Começou a faltar-me algo. Naquela vida perfeita, na qual eu tinha mulher, era muito bem aceita e amada, frequentava lugares extremamente agradáveis, senti falta de algo. Um vazio no peito. Um gosto estranho, como se, ao mesmo tempo que aquela vida era perfeita e aparentava ser doce, era extremamente amarga. Tudo deveria deixar feliz, mas não deixava. Eu procurava um pouco de paz, mas não achava. A vida não é fácil, mas é surpreendente. Aquela pessoa que me ajudou, aquela pela qual fui apaixonada e que, diga-se de passagem, eu não queria ver nem pintada de ouro, reapareceu. E como um tapa na cara, ela voltou a conversar, perguntar e lutar ao meu lado. Em um momento de choque de realidades e ao perceber que a felicidade verdadeira não estaria ali, ao lado de mulheres, confessei querer sentir Deus. Foram alguns meses levando a situação com a barriga. Vivi naquele mundo “perfeito” e tentei me reaproximar de Deus. Mas, um dia, percebi que dali para frente seria menos fácil do que eu imaginei. Teria que decidir. Foi a decisão mais difícil da minha vida: abrir mão daquela realidade “perfeita”, acolhedora, de um lugar onde eu tinha certeza ser amada, por um futuro inesperado, pelo desconhecido e por uma felicidade que eu ouvia ser real, mas nunca sentira. Eu teria que abrir mão das minhas mentiras, do meu prazer, para viver exatamente o oposto. Escolhi. Pela primeira vez, decidi. A única pessoa que tinha todos os motivos para não estar ao meu lado, foi a que chorou ali, a que sentiu e viveu todos os momentos. Achei que, por ser a decisão certa, seria fácil. A decisão foi difícil, mas achei que as dificuldades acabariam por ali. Idéia deturpada, como eu disse. A dor por ter aberto mão da “vida perfeita” foi enorme. Aquela pessoa ficou ao meu lado no começo. Manteve-se extremamente presente mas quando comecei a depender demais, a vida a afastou. Ficou nítido, ali, que a vida nunca mais seria fácil. Foi instantâneo, ela saiu de perto e tudo voltou. A mulher que eu tinha como “sonho de consumo” começou a me dar bola, as pessoas voltaram, estava tudo ali, na bandeja de ouro. Aquele passado batia à porta. Em um mês, eu já estava à beira do precipício. Não fiz grandes escolhas, só entrei em um site, li um livro e me apressei para ir à igreja. Sem que eu percebesse, afastei-me um pouco da beira do precipício. E, aos poucos, fui me afastando cada vez mais. As dores não diminuíram, muito pelo contrário. Conforme Deus vai moldando, parece doer mais. Tive que abrir mão das mentiras, que me prendiam incomparavelmente; tive que me afastar de pessoas, cortar certas relações, deixar de frequentar determinados lugares. Mas, finalmente, tenho felicidade e paz. O incrível é que, mesmo com dificuldades e dores, a felicidade mantém-se. A paz de estar em Deus é inexplicável e por mais dores que eu passe, por mais que eu ache algumas vezes que não dá para sobreviver, a paz reaparece inexplicavelmente. Muitas pessoas não viveram a recompensa na terra por suas atitudes, por suas escolhas e dificuldades. A paz verdadeira, o dia de estar realmente tranquilo não é aqui, não está aqui e, muito provavelmente, não estará… Não espere viver em um mundo cor-de-rosa por que a verdadeira recompensa por tudo o que plantamos não está aqui. Nesses meus 19 anos de vida, procurei uma felicidade palpável, uma paz plausível ou justificável, procurei vida e felicidade em coisas, pessoas. Hoje vejo que a justificativa para a felicidade é uma só: Deus. Sou feliz, hoje, como nunca fui. Amo como nunca amei. Vivo como nunca vivi. Não sei o que virá. Não sei se vou morrer amanhã ou não. Sei que tenho paz por tentar viver em Deus o tempo todo. Sei que, não importa o que aconteça, Ele estará ao meu lado e isso me basta. Deus ama a todos e dá oportunidade a todos, basta você escolher: Ele ou você. Au revoir. God bless, ya. Fontes: Thats The Time (Ci Gravito) via Daniela Pires (Adna Jovem) Daniela Pires é membra da UBE na plataforma Orkut, congrega na Assembleia de Deus Nova Aliança, Cuiabá - MT, e edita o blog Adna Jovem ao lado de muitos outros internautas. |
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